Sentado na mesa diretora da Câmara de Vereadores de Feira de Santana, o empresário Elias Tergilene olhava a multidão de camelôs do outro lado da parede de vidro que divide o plenário da galeria e sorria, sorria muito, como se estivesse num circo vendo palhaços.
Horas depois, já falando no microfone, Tergilene chamou de “palhaçada aquilo tudo”, o que provocou uma reação exacerbada do vereador Edvaldo Lima.
Um sorriso de “cinismo” disse no microfone um dos camelôs para delírio da galeria que confirmava esse sentimento. Foi isso que os camelôs sentiram: cinismo e um “deboche”.
“Foi mais que deboche, foi um fricote de Luiz Caldas” brincou uma vereadora.
Tergilene esbanjou poder econômico e ironizou a “falta de coragem” do empresariado baiano para investir o que ele investiu. Segundo ele, recursos próprios. E soltou essa de cor demagógica: “tirei da minha familia para investir em Feira de Santana”. Da galeria ouviu-se o grito “cara de pau!”. E vaias.
Vaia foi o que mais teve. Menos para o vereador Luiz da Feira e o advogado Rodrigo Lemos, que dominaram as palmas. Rodrigo Lemos fez parte da mesa.
TROPA DE CHOQUE – Antes de começar a audiência (14:30h) e essas cenas de Elias, as cadeiras das galerias já estavam todas ocupadas por uma gente pontual mas nada parecida com ambulantes e camelôs que vivem na espontaneidade e varejo das ruas.
Ali estavam madames e senhores bem vestidos e ouso dizer que alguém com olfato refinado distinguiria os perfumes caros que exalavam naquele ambiente.
Os camelôs que entravam se espremiam pelos cantos e se imprensavam no recinto.
Foi então que um deles, usando de astúcia ,levantou a voz e pediu que os camelôs ali presentes se identificassem e levantassem braços e mãos.
Viu-se então os “intrusos” que foram identificados como servidores públicos de inúmeras secretarias. Em poucos minutos de muita vaia e pressao, grande parte saiu, alguns envergonhados, outros sorrindo da treta.
O prefeito Colbert Martins não foi. Mas parte do primeiro escalão estava lá no plenário. Mas foi o secretário Borges Jr. quem ouviu o coro de “mentiroso” em cada ocasião que falou alguma coisa.
Já era noite quando o vereador que presidiu a audiência, Lulinha da Conceição, a interrompeu subitamente dando oficialmente por encerrada.
Ao final, a sensação que se via, com os camelôs insatisfeitos e vereadores desanimados, é de que nada foi resolvido e que há ainda muita coisa a ser esclarecida acerca dessa parceria público privada feita pela Prefeitura de Feira de Santana.
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