Em discurso na Câmara, o deputado federal Zé Neto acusou desvio de finalidade de parte da verba destinada ao combate à Covid-19 em Feira de Santana. Segundo o deputado, o dinheiro, que deveria ser usado apenas no combate à pandemia, foi pulverizado em toda a rede de saúde sob o argumento de que o combate à doença é descentralizado, ou seja, os infectados com o vírus seriam atendidos em diferentes unidades espalhadas pela cidade.
O deputado também questionou o fato do município não possuir centro de testagem ou um Pronto Atendimento específico para casos do coronavírus, o que teria sido incentivado pela Portaria 1.445 do Ministério da Saúde. “A testagem é fundamental para que o paciente não precise de um leito de UTI, que agora virou critério [de reabertura]”, disse o deputado.
O Blog da Feira teve acesso a documentos que aparentemente corroboram a versão do deputado. O primeiro é um parecer técnico do mês de maio assinado por Carla Toledo Reis, consultora técnica do Ministério da Saúde. No documento, a parecerista solicita ao município de Feira de Santana que adeque a proposta enviada para o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, solicitando, dentre outras coisas, a retirada de equipamentos sem relação com o enfrentamento da Covid-19, como detectores fetais e equipamentos para repousos médico, além de solicitar que o executivo municipal explique “a relação dos equipamentos solicitados com o enfrentamento do COVID19”.
Há também um ofício datado de 15 de junho de 2020, onde o deputado Zé Neto, na condição de vice-líder do PT na Câmara, condiciona a alteração da rubrica (de investimento para custeio) de mais de 2 milhões de reais em emendas ao uso exclusivo no combate ao coronavírus por parte do município.
Por outro lado, o prefeito Colbert Martins nega o uso indevido das verbas, tendo afirmado ontem (20) em entrevista coletiva que fará uma “prestação de contas transparente”, além de insinuar uso eleitoral do episódio pelo deputado Zé Neto.
Veja o pronunciamento completo do deputado: