Foi uma das cenas mais chocantes que vi em minha atividade como jornalista. O agricultor Joaquim Pereira dos Santos foi executado com um tiro de fuzil na cabeça. Seu rosto ficou desfigurado.
O corpo ficou exposto, por toda a manhã, numa pedra do necrotério do Hospital Dom Pedro de Alcântara, o HDPA.
Eu era repórter do jornal ‘A Tarde’, na sucursal de Feira de Santana e fiz a cobertura do conflito que envolveu as 120 famílias de agricultores da Matinha, no quilombo do Candeal e Emanuel Brito Portugal, (Noé Portugal), como era conhecido o fazendeiro e gerente da agência bancária, do Bamerindus, em Feira de Santana, em maio de 1976.
O comandante do 1° Batalhão da Polícia Militar era o coronel João Longuinhos. Foi um dos soldados da PM quem atirou e matou Joaquim. Outros trabalhadores foram presos e espancados.
O advogado Eugênio Lira da Fetag foi quem acompanhou o inquérito e processo judicial para apurar os crimes ocorridos. Anos depois, o advogado Eugênio Lyra foi assassinado na Bahia a mando de grileiros.
Wilson Mário é jornalista e mestrando em História Social na UFBA. Além do ‘A Tarde’ atuou em diversos veículos de comunicação, alguns fundados e dirigidos por ele em Feira de Santana.
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