Em Doutor Severiano “contava-se nos dedos” quem tinha um jeep, uma camioneta ou outro transporte a motor adequado às estradas sofríveis daqueles tempos. Damião viajou num desses jeeps para Pau dos Ferros onde deu-se o primeiro e fatal encontro com seu homônimo, o santo, o frade peregrino que andava pelo Nordeste operando milagres e espantando os demônios, o capuchinho Frei Damião de Bozzano.
A igreja de Pau dos Ferros estava lotada. Damião foi colocado próximo ao altar e quando o frade aproximou-se foi a ele quem se dirigiu primeiro e disse-lhe ao ouvido a frase que o reanimou e dias depois, sob a minguada sombra de uma carnaúba, sob um sol quente como o de novembro, algo como um estalo aconteceu e suas pernas adquiriram um novo vigor e disposição. E o milagre se deu.

Naquela calçada está faltando ele. O amigo Damião Cabôco…Tive boas conversas e ali ouvi histórias que cada vez mais me religaram com a terra e a vida de meus antepassados da serra de Doutor Severiano.
Damião fez de tudo e era admirado em tudo que fazia. Como cantor de forró com Geraldo Belisário na sanfona decorava letras de músicas com a facilidade privilegiada num tempo de mínimas tecnologias. Pense aí…
As histórias que me contou sobre os porcos que comprava para “Rolô e Peroba” , Zé de Rosemiro e os apelidos, eram minhas preferidas por razões óbvias: parte delas se passavam na Catingueira velha dos mais velhos…
Mas foi o milagre operado por Frei Damião a mais importante história da vida de Damião. Essa era a sua grande história pessoal de fé e vida. Nascido com um defeito em uma das pernas o Frei o curou.
… “a saudade dele está doendo em mim..”
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