Quando chegou o final da segunda guerra mundial, alguns pilotos japoneses, carregavam seus aviões de explosivos e se atiravam em cima dos navios aliados tentando explodir os mesmos, era uma desesperada tentativa de reverter a derrota iminente. O suicídio daqueles jovens pilotos foi em vão.
Desde então sempre que se deseja nominar uma determinada prática de suicida se apelida de kamikaze. Assim, não foi diferente com o sem vergonha do ministro Paulo Guedes, escolhido pelos párias improdutivos do mercado financeiro para administrar a derrocada final do welfare state e, ao ser obrigado a encaminhar essa proposta de emenda constitucional assim a denominou. Para quem tem político de estimação cabe um tenebroso silencio. Para início de conversa, o governo pretende gastar R$ 41,25 bilhões para bancar auxílios e benefícios criados ou ampliados tais como, subir o Auxílio Brasil de R$400 para R$600 de forma temporária, aumentar o Auxílio Gás e implantar o Auxílio Diesel para R$ 1.000 ajudando caminhoneiros autônomos. Isso tudo dentro um combo suicida com mais duas outras já em tramitação no congresso, incluindo a PEC dos Combustíveis.
A bagaceira nunca vem sozinha e o pior de tudo é decretar estado de emergência, o que fará com que o governo legalize a compra de votos livre da punição prevista pela legislação eleitoral. Que moral esta Justiça eleitoral vai ter para coibir a compra de votos na fila de votação em outubro? O que impedirá um candidato escalar seu time de cabos eleitorais com dinheiro na mão, para comprar votos a luz do dia? Esta eleição está sendo esculhambada antes mesmo de começar. Mas somos contra os auxílios e benefícios em questão? Jamais, pelo contrário, mas o Diabo neoliberal se manifesta nas entrelinhas com um superficialismo que precisamos tomar cuidado, pois ao autorizar meter a mão com vontade e gastar o dinheiro público, existirá um efeito muito mais perverso com os pobres. Por exemplo, o dólar começou sua disparada em busca do céu e já bate na porta de R$5,50 (Paulo Guedes agradece), e isso vai refletir muito mal nos orçamentos familiares. Dólar alto, inflação mais alta e cada vez distante da meta. Assim, os alimentos ficam mais caros, pois os produtores vao optar em vender para outros países em vez de abastecer as famintas barrigas brasileiras que não mais serão tão varonis. Isso sem contar que o diesel vai subir aos píncaros, pois a PEC não muda o jeitinho safadinho e sem vergonha de reajustar os preços e continuará sendo reajustado pela variação cambial e dólar alto, diesel mais caro, comida mais cara e sumindo da mesa. Isso sem contar que se tem um cadastro dos caminhoneiros autônomos, categoria alvo da PEC, muitos operam agregados a transportadoras que lhes pagam o diesel, ou seja, foge do princípio distributivo.
Mas o valor de R$1.000 resolverá? Vamos então enfiar o bisturi nessa questão. Com esse valor voce compra em média 250 litros de combustível ao preço atual nas bombas, mas um caminhão com o transporte de mercadorias consome em média 2km/litro e isso sem falar nos veículos que tem 9 eixos que consomem muito mais. Alguém já ouviu falar que as carretas trafegam em sua esmagadora maioria com excesso de carga? Pois isso aumenta o consumo. A média de rodagem mensal varia entre 5.000 e 10.000 km/mês. No início o auxílio caminhoneiro vai entregar ao tanque cerca de 10% da necessidade mensal e quando o dólar continuar subindo essa merreca vai ser engolida. Pode piorar? Pode sim, pois se Petrobrás tentar segurar o preço, as refinarias privadas não parecem dispostas a aventura eleitoral e pimba em pouco tempo o preço volta a subir nas bombas e explode o orçamento familiar dos beneficiários do Auxílio Brasil. A conta fica para o próximo governo e, inclusive a fome.
Não se elimina a fome em poucos meses, a não ser a fome de votos. Em dezembro a coisa pipoca e apenas vão encontrar um culpado, os direitos da classe trabalhadora, basta lembrar que o Auxílio Brasil em janeiro volta ser de R$400. Para fazer frente ao Auxílio Brasil é preciso estar inscrito no Cadastro Único e fazer parte de família que esteja em situação de:
– Extrema pobreza, com renda de R$105 por pessoa da família;
– Pobreza com renda entre R$105 e R$210 por pessoa da família
Se conseguir um emprego formal com carteira assinada segue com o benefício, se (sempre tem um SE para pobre) a renda da pessoa por família for ATÉ R$525. Explicando, um casal sem filho que apenas um trabalhe no mercado de trabalho, empregado no comércio onde existe um piso salarial, já perdeu o benefício, entendeu o problema?
A conta em isenções fiscais pode ultrapassar os R$100 bilhões, uma autêntica farra fiscal de quem jogou o povo na pobreza, blefou contra a vacina, dificultando a retomada da Economia. O golpe tá aí e cai quem quer, a oposição no Senado já caiu.