Habitualmente às sextas-feiras o advogado Raimundo Mendes, o delegado Jurandir Fernandes, Jorge da Xerox, eventualmente Edmilson Godeiro, e outros, bebericavam a cerveja gelada celebrando a chegada do fim-de-semana (não existia o sextou!) Depois comiam a rabada em Milton lá na Santa Mônica e iam para casa que balada também não estava na gíria. Jorge era um carioca abaianando-se, curioso, querendo saber mais sobre pessoas, as empresas da Feira, alcançar a alma da cidade. Um vendedor obstinado. Andará vivo? O advogado misturava astúcia com conhecimento jurídico. Era combativo, polemico mas exímio conciliador, e naquela mesa praticamente pautava a conversação. O delegado gaguejava um pouco e ficava vermelho quando contava piadas de delegacia. Algumas não tão saudáveis mas não constrangiam a ponto de dissensões violentas e ideológicas no grupo heterogêneo. Naquele tempo também não existia resenha mas o clima era o mesmo. O Posto Ocapana é, então, assim como o Carro de Boi e a boate Jerimum: em todas essas ruínas urbanas, imprestáveis e horrorosas, estão inscritas histórias afetivas e orgulhosas de inúmeros saudosistas em Feira de Santana. Mas não significa que sejam patrimônios arquitetônicos e históricos condenando a cidade a conviver com com essa exposição de ruínas imprestáveis à espera de uma reconstrução, de preferência com dinheiro público.
Memórias e ruínas urbanas
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