
Tomei um Uber da 99 hoje que não rende uma crônica, mas me apresentou uma Teoria Econômica que vale uma emenda no Adam Smith e é digna de nota. Um motorista de seus 55 anos, tem uma barraquinha móvel na praia de Santos. Divide o ano entre Feira de Santana e a praia paulista. “Lá só no sol bom, Heineken e água mineral vende no metro. Depois que o cara aprende tomar a verdinha já era, eu mesmo hoje só gosto dela. Hoje de noite mesmo que amanhã é feriado tem!”
Quando aperta o vento lá e a praia esvazia volta para Feira, que segundo Adam é tudo muito mais barato, embora mais violenta. Lá pelas tantas passamos por uma bicicleta dessas bonitas amarrada numa árvore, daí veio seu tratado econômico fenomenal:
“A Sra. que é professora, claro que a essa altura já sabia, já reparou que rico não basta ser rico ainda tem que imitar o pobre e acabar de lascar com a gente. Quem andava de bicicleta era pobre. Rico invejou, as bicicletas estão caríssimas. Quem andava de carro velho? O rico achou de comprar todos, restaurar colecionar, resultado não tem mais um Fusca, um Chevette, um Corcel sobrando, e quando tem é uma fortuna. Acabou de lascar com o pobre. Até cavalo barato nas roças, professora, a gente não acha mais. Vou te contar….”
Eu só pude concordar e desejar um verão dos bons para ele e até deu vontade de tomar uma Budweiser que segundo ele é muito aguada perto da verdinha de sua devoção.
Alana Freitas é escritora. O texto acima também está publicado no Facebook.
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