Puro, com manteiga, molhado no leite ou recheado. De massa ou goma, o beiju está sempre presente na mesa. É difícil não gostar dessa iguaria encontrada nas feiras livres, em supermercados, mercadinhos de bairro e delicatessens. Em Feira de Santana, na zona rural e até mesmo na sede do município, produzir beiju é a fonte de renda de muita gente, uma tradição passada de gerações.
No Candeal II, povoado do distrito da Matinha, a movimentação na casa de farinha de Martiniano Fonseca, 67 anos, começa antes de o sol raiar e acontece praticamente todos os dias da semana – a folga é só na sexta-feira, já que no final de semana produz goma fresca, beiju de palha e peneira as massas de aipim e puba para vender fresquinhos na feira da Cidade Nova.
Seu Paçoca, como Martiniano é conhecido, explica que, para fabricar o beiju, são necessárias algumas etapas: colher a mandioca, descascá-la, ralar, retirar a goma da massa lavando com água para, em seguida, espremer em uma espécie de tela. Depois deixa “descansar” por mais 5h numa bacia para novamente, com auxílio de um pano limpo, separar a goma. Daí é peneirar e levar ao forno.
“É um processo demorado, as etapas não são feitas no mesmo dia. Por isso, levantamos bem cedinho, às 4h da madrugada“, diz Paçoca. Essa atividade envolve mais integrantes da família, como esposa, filhos, noras e conhecidos. Cada um tem uma atribuição.
Em frente ao forno à lenha, Liliane Almeida, 35 anos, usa uma colher para pegar as porções da goma e dar o formato arredondado para os beijus que são assados em minutos. Ao seu lado, Josival Fonseca, o Bidôgo, um dos filhos de Martiniano, também está envolvido nesta função.
Já a matriarca da família, dona Maria São Pedro Fonseca, de 64 anos, peneira a farinha que sai torrada em outro forno, enquanto no quintal, sob a sombra de uma mangueira, um grupo de mulheres segue lavando a massa e espremendo a goma que será colocada para decantar.
“Há 31 anos faço beiju. Comecei vendendo aos pouquinhos na feirinha da Cidade Nova. De cinco pacotes, passamos a vender 10. E aí foi aumentando. Graças a Deus, a gente foi crescendo e hoje expandimos o comércio e conseguimos dar emprego também a algumas pessoas”, relata seu Paçoca.
Além de vender aos sábados e domingos na feirinha da Cidade Nova, o beiju produzido em sua propriedade é repassado para mercadinhos na Mantiba, Santa Quitéria e no Jacu. “A gente vende tudo. Não dá pra enriquecer, mas a gente consegue pagar as contas”, comenta.