Onde há desarborização, há alteração do clima. As árvores absorvem a energia solar durante o processo de fotossíntese e a redução delas aumenta a exposição do solo aos raios solares e o calor se propaga com mais intensidade. É o que está acontecendo na Feira. A cidade, nos últimos anos tem contribuído, significativamente, com o aquecimento global através de um processo acelerado de desarborização que é visível, principalmente no centro da cidade. Quando Georgina Erismann compôs o Hino a Feira, em 1928, as ruas de Feira, em agosto, ficavam vazias tão grande era o frio que fazia. “Poetisa do branco luar/ pelas noites vazias de agosto”. Hoje as noites de agosto não são mais vazias e nem sequer as temperaturas durante os outros meses fazem jus ao “clima sagrado” enaltecido pelo Hino. Feira está se tornando cada dia mais quente e a desarborização é um dos vilões. O que se salva são avenidas radiais como a Maria Quitéria e Getúlio Vargas onde ainda se mantém, mas cada dia menos, algumas árvores nos canteiros centrais. As ruas e avenidas perpendiculares ou paralelas a elas estão como essa da foto: as árvores sumindo da paisagem.
Os parques existentes não são suficientes para refrescar áreas cada dia mais densas de gente e automóveis e o Município não tem uma política ambiental definida. A arborização vem sempre em último lugar nos projetos de urbanização. Foi assim com o BRT, que previa destruir o canteiro central da Getúlio, ou como se pôde perceber no projeto da duplicação do Anel de Contorno no lado leste onde arborização é plantio de gramado nas bordas de viadutos e passarelas.
Seria bom – neste ano eleitoral – que a Feira de Santana começasse a discutir o que fazer para mitigar os efeitos das mudanças climáticas por aqui. Ampliação de áreas verdes, por exemplo, seria um bom tema. Afinal, há poucas árvores em espaços públicos da zona urbana, escreveu, acertadamente ,o jornalista André Pomponet, em junho passado, em um dos seus textos aqui no BF com o título: Discursos mofados no Dia Mundial do Meio Ambiente