Na Feira, as cantorias-de-viola tiveram um auge. João Crispim, esse aí pintado por Vivaldo Lima em estilo neo-fovista na coluna do Feiraguay, é um cantador-de-viola (não é apenas “violeiro”, que, isolado, pode ter outros significados, assim como não é cordelista, não confundir ). Foi ele que “segurou o pancão” de um festival que durou quase meio-século. Existiam as cantorias, nas casas, restaurantes, no Clube do BNB, na avenida Maria Quitéria, as bandejas para a contribuição espontânea defronte às duplas de repentistas violeiros. Existiam os apologistas,como eram chamados os admiradores da arte e da diversão inteligente, que apoiavam e promoviam os poetas e elevavam o Nordeste.
João do Ouro, um comerciante migrado de Serra Talhada, foi um desses apologistas que existia na Feira e semelhantes a ele, existiam em todos os outros estados nordestinos.
Jenecy Vasconcelos, que voltou agora a morar na Feira, e com quem mantive uma conversa dessa, foi também um desses por aqui pela Terra de Lucas.(Quem sabe, voltará a sê-lo? )
Depois a coisa pifou.
Já nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Ceará a cantoria-de-viola tem status de espetáculo e cresceu em público e prestígio. Os festivais se reproduzem nas cidades, pequenas, grandes, da caatinga às capitais, as cantorias-de-viola ganharam os salões da classe média e alta, cantadores ganham cachês,o povo paga ingresso pra ouvir repentistas. E cada dia aparecem cantadores e repentistas novos.
O ‘monarquista de esquerda’, Quaderna, grita n’A Pedra do Reino, que o coração do Nordeste são esses estados. Ariano não quis desmerecer os demais. Nem ele, nem Zé Limeira e seus repentes absurdos mas perfeitamente metrificados, mangando da Bahia. É que de fato algumas coisas de puro Nordeste, ibéricas, medievais e ao mesmo tempo modernas, só são mantidas por lá, como uma pulsação imprescindível para que o resto do Nordeste respire e viva unido.
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