Quem tiver o cuidado de observar os fatos envolvendo o Centro de Abastecimento nas últimas décadas vai concluir que a degradação da Praça do Tropeiro não é somente assustadora mas, o que é ainda pior, faz parte do plano obsessivo da Prefeitura de Feira de desmonte total do Centro, já parcialmente destruído com o shopping popular. A Prefeitura não fez a entrega aos empresários mineiros do resto da área do Centro, a do atacado, ou Ceasinha, como é chamada. Colbert até tentou, mas a empresa interessada em construir uma Ceasa em áreas de BR, desistiu durante o processo de negociação. Com Zé Ronaldo, mentor do shopping , o plano certamente vai ter continuidade. Mas o que tem a ver a Praça com a Ceasinha? Primeiro, a praça não é uma praça comum, ela é também uma espécie de terminal de transportes coletivos para grande parte da zona rural e a extensão não apenas física, mas cultural do Centro. Antes da Ceasinha ser expulsa, não há “motivação” para restaura-la. O povo da praça é o povo do Centro, não do shopping. Uma intervenção urbanística séria na praça (não fazer um cimentado no meio do logradouro, inútil, como foi feito há dois anos) terá que levar em conta essas características peculiares que ela tem. O “urbanismo” da Prefeitura não quer isso.
A resistência a esse plano de marginalizar e criminalizar a Praça do Tropeiro é o Samba que Luizinho dos 8 Baixos faz todas as segundas-feiras, sob teto de lona e esgoto fedido e a céu aberto formando um riacho sobre o pavimento destroçado. Uma resistência inconsciente e frágil, que precisa ser fortalecida pelas cabeças lúcidas desta terra difícil. Feira, eu te conheço, Feira.
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