Feira sente falta dos venezuelanos? me pergunto, quando Luiz Tito liga querendo saber se eu tenho alguma notícia deles, os 70 refugiados venezuelanos de uma etnia indígena deslocada pelo regime da Venezuela que veio bater os costados aqui na Terra de Lucas. É realmente um mistério um sumiço desse porte. Mas não é novo o poder de mobilidade de grupos nômades como o deles Talvez tenham feito um rancho aqui perto de onde estou na Matinha, fizeram uma noite juremeira ou algo assim divinal e depois arribaram da noite pro dia, sem dizer pra onde a quem por acaso os viu, tão anódinos eles conseguem ser para passarem despercebidos ao preconceito. Embora tratados como refugiados, aquelas famílias, de aparência bem diferente da população do nordeste, mais atarrancadas, rostos quadrados, uma tristeza amorfa, elas não se adaptaram às expectativas do feirense: com tudo pago pelo Governo, casa, água, um pouco de comida, o que eles querem? vão trabalhar, botar uma guia, ganhar dinheiro, eles vão se dar bem…não acontece e não aconteceu assim. Viraram pedintes, exóticos primeiro, depois uns ‘vagabundos que não querem nada”. A Feira exige que cada um seja o vendedor e o comerciante da sua vida. “Feira, tu és melindrosa”, dizia Zequinha, afiando a faca no espeto da picanha, com ar de enfado, irônico, sabendo o que estava dizendo. Alô,Zeca!
Foto: Luiz Tito/DIGAÍ.FEIRA
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