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Dizem que na Bahia, o ano começa depois do carnaval, então nada melhor que passada a campanha política, e o período carnavalesco, a cidade de Feira de Santana, conhecida como “Princesa do Sertão”, um dos principais polos econômicos e culturais da Bahia, comece a pensar seu futuro. A cidade enfrenta uma série de problemas estruturais e sociais que exigem atenção imediata e ações efetivas por parte do poder público e da sociedade civil. Qualidade dos empregos, Crimes ambientais, a falta de políticas para a agricultura familiar, a precariedade do transporte público, a terceirização dos serviços públicos e a especulação imobiliária são alguns dos temas que demandam soluções urgentes para garantir o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população.
Começando pelos empregos, se observa que o poder público instalado na cidade, não tem uma política definida de criação de empregos. Não se observa a vocação local, criada e incutida na população de aproveitar as oportunidades de ser um baita entroncamento rodoviário, essa expressão que todo feirense aprende desde o ensino básico, mas que jogamos para debaixo do tapete, assim que temos um poder de decisão. Qualificar a mão de obra para quem? Quem demanda este tipo de profissional e para que? São respostas que os órgãos encarregados de promover a geração de empregos estão se perdendo no uso inapropriado de empreendedorismo. Alguém consegue lembrar critérios para ajudar alguém a empreender? Sim, apenas frases de folder informativo (sic). Sei que muitos dirão que o feirense não é muito chegado a uma qualificação, pois ao ficar desempregado, via CLT, arma uma guia num canteiro de uma avenida e vende frutas e verduras, garantindo pão de cada dia, e voltando a sonhar em ter emprego de carteira assinada, as pesquisas assim apontam. Não adianta trazer metodologias importadas para geração de emprego, Feira é diferente, aprendam e façam diferente.
Um dos problemas mais graves enfrentados por Feira de Santana é a degradação ambiental, especialmente a poluição e o assoreamento de lagoas e nascentes. Esses ecossistemas, vitais para a manutenção do equilíbrio hídrico e da biodiversidade local, têm sido alvo de crimes ambientais, como despejo irregular de resíduos, desmatamento e ocupações irregulares. A Lagoa Grande, por exemplo, símbolo da cidade, sofre com a poluição e o avanço imobiliário desordenado. Aqui temos condomínios que privatizaram grandes lagoas e até hoje não foram punidos. O Aterro da Lagoa do Prato Raso em 90% de seu leito, até hoje não se sabe de alguma punição aos criminosos, mas as mesas de bares falam abertamente de quem enriqueceu à custa do sofrimento da população das Baraúnas que sofre impiedosamente com os alagamentos em períodos chuvosos. E assim la nave va, destruindo nosso principal cartão postal, nossas lagoas e nossas nascentes. Uma cidade que encanta aos geógrafos que aqui nos visitam e constatam três aquíferos dentro de nosso território. Mas eles também se assustam com os ataques a este presente que a mãe natureza nos brindou.
A terceirização de serviços públicos essenciais, como limpeza urbana, manutenção de vias e atendimento em órgãos públicos, tem gerado preocupação quanto à qualidade e à eficiência desses serviços. Muitas vezes, as empresas contratadas não cumprem os padrões necessários, resultando em prejuízos para a população. Vamos entender, Terceirização de serviços públicos não deu certo. Quase todos os dias pipocam nas redações, queixas de atrasos de salários de servidores de Policlínicas municipais e estaduais, funcionários de limpeza de universidades. Estas empresas contribuem para o déficit da Previdência, pois geral não recolhe as contribuições devidas.É necessário rever os contratos de terceirização, garantir a fiscalização rigorosa das empresas prestadoras de serviço e investir na valorização dos servidores públicos. A transparência e a eficiência na gestão dos recursos públicos são fundamentais para garantir serviços de qualidade à população.
A especulação imobiliária tem sido um dos grandes desafios para o planejamento urbano em Feira de Santana. O aumento descontrolado dos preços dos imóveis e a ocupação irregular de áreas de preservação ambiental têm dificultado o acesso à moradia digna para grande parte da população.É essencial a implementação de políticas habitacionais que priorizem a construção de moradias populares em áreas bem localizadas e infra estruturadas. Além disso, o poder público deve atuar para coibir a especulação e garantir o cumprimento da função social da propriedade, conforme previsto na Constituição Federal. Aqui não se pretende avançar neste tema, pois será mais explorado em artigo especifico.
Feira de Santana possui um potencial enorme para se tornar uma cidade modelo em desenvolvimento sustentável e qualidade de vida. No entanto, para que isso aconteça, é necessário enfrentar com seriedade e urgência os problemas que afetam a população e o meio ambiente. A participação da sociedade civil, o engajamento dos poderes públicos e a implementação de políticas eficazes são fundamentais para superar esses desafios e construir um futuro melhor para a “Princesa do Sertão”. A hora de agir é agora.