
Não sei explicar, mas lembrei do poeta Eurico Alves e de Juraci Dórea, enquanto o vendedor de água da esquina gritava “tem que esperar o verde, tem que esperar o verde” e notei que a SMT colocou postes de sinaleiras na travessia da Praça da Bandeira. Só perguntando a Juraci vou saber se o poeta previu esse espírito motorizado de Feira em algumas das suas cartas, ensaios ou poemas escritos em hieróglifos ou cancelas do Sertão. No ano 1978 Juraci já estudava o poeta feirense que foi inserido no movimento literário e das artes mais famoso do país até agora, o Modernismo. Um mossoroense que chegou a Feira naquele ano e naquele mesmo ano saiu, me confidenciou que ganhou de presente de uma cunhada o livro do poeta “Eurico Alves, Poeta Baiano’. Infelizmente ele não me provou, o livro extraviou-se. Mas, voltando à travessia, ali trabalhavam guardas de trânsito, contendo a passagem de veículos e de pedestres, dosando tempos, aguentando ranzinzas pedestres e motoristas, é a função, mas davam segurança à grande maioria. Sem os humanos, apenas a máquina de cores, o que vimos hoje foi medo, insegurança. Talvez não saiba muita gente o perfil do pedestre que anda no centro comercial, gente com compras, mulheres em maioria, muitos idosos. E no sinal um vendedor de água gritando, convicto: “dá certo, mas basta que o povo olhe, verde passa, vermelho não passa, passe minha amiga passe está verde verde, minha gente”. Esqueceu a água, o educador.