
Desde meados de abril que a Feira de Santana vem sendo razoavelmente bem servida de chuvas. Começou pela Micareta e, com raras interrupções, se estendeu até este setembro que aflora. Junto com a chuva persistente, veio a queda nas temperaturas. Depois de três anos ardentes – nos anos anteriores o calor contaminou até o inverno – o feirense pode experimentar um frio agradável, que em muitas noite chegou até a 16º. Nada para quem vive em regiões realmente frias, mas muito para quem enfrentou meses intermináveis de calor escaldante.
Mas – tudo indica – nos próximos dias o frio arrefece e a Feira de Santana mergulha na estação escaldante que se estende, no mínimo, até meados de março. Com ela até caem algumas trovoadas, mas o calor, implacável, cede pouco. Bom para quem veraneia na alta estação, mas péssimo para quem permanece na labuta, enfrentando manhãs e tardes calcinantes na Princesa do Sertão.
As mudanças climáticas estão se tornando assunto recorrente mundo afora. Há décadas soam os alertas de cientistas e alguns governos, nos últimos anos, estão mais atentos à questão. Mas, no Brasil, prevalecem as visões suicidas do agronegócio e do negacionismo troglodita.
O governo do petê até ensaia uma resistência à truculência anti-ambiental, mas cede logo à frente, atropelado pela claque da mineração, do desmatamento e do negacionismo climático. O que prevalece no Congresso Nacional – e no Brasil – são os interesses do celebrado Centrão.
O cenário nacional se reflete nos níveis subnacionais. Quais estados e municípios, efetivamente, dispõem de uma pauta ambiental e buscam implementá-la? São raros, raríssimos. Nem de plantio de árvore se fala. Os políticos costumam ignorar problemas difusos, cujos impactos negativos são pouco percebidos pela população.
É o caso das mudanças climáticas: o povo reclama das temperaturas, do volume de chuvas, mas por enquanto não os associa claramente à degradação ambiental. Cobrar medidas para as lideranças políticas, então, nem se fala. Mas o fato é que, apesar da chuva lá fora e do frio à noite, os dias de calor estão, mais uma vez, se aproximando na Princesa do Sertão…
foto: Brenda Filho/AcordaCidade
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É propsital o Patê?