Na Fazenda Santa Bárbara, distrito de Bonfim de Feira, da cidade de Feira de Santana, organizada e capitaneada pelo Senhor João do Genipapo, proprietário do sítio, acontece a festa para Nossa Senhora da Conceição. A sede da fazenda é reconhecida como o Terreiro Jesus de Santa Bárbara.
A abertura da festa é de um sincretismo estonteante. Cada núcleo do festar fica na parte mais alta de uma colina. Dela sai, para contornar uma lagoa, uma procissão levando a imagem da santa, em ritmo de Carnaval, quando a interpretação imediata entre o sagrado e o profano atinge o seu ponto mais alto.
O velho João considera-se espírita porque recebe desígnios do espírito santo para esclarecer ao zeladores de santo e seus seguidores que, a seu modo, servem a Jesus Cristo, que esta é uma forma de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Não se considera pai de santo ou zelador. Identifica-se como mentor espiritual enviado por Santa Bárbara e Nossa Senhora da Conceição para usar suas forças e energias sagradas a favor dos homens.
João do Genipapo não recebe a Santa, que é a guia, ele incorpora a energia que ela traz e redistribui entre santos, orixás, encantados e caboclos. Essa energia é destacadamente priorizada para Tupinambá, Rei da Floresta, simbolicamente correspondido com São Jorge.
No Candomblé Católico de Bonfim de Feira os santos são guias dos orixás e, afirma João de Genipapo, Cristo, Santa Bárbara e Tupinambá são os que comandam a casa.
Ronaldo Senna
(Trecho extraído do livro ‘Feira de Encantados, presença afro-brasileira’ – UEFS-Editora)