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Laila Geovana Beirão
quarta-feira, 8 de abril de 2020 / Publicado em Colunistas, Home

Morrer de Fome ou de Coronavírus ?

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O pobre não tem o direito de fazer quarentena e se manter em isolamento social como recomenda as autoridades de saúde? Parece que para o governo brasileiro, não.

Em Tempos de Coronavírus e quarentena a fome bate à porta da classe pobre e trabalhadora brasileira. O governo Federal tenta dificultar com burocracia a liberação de assistência econômica social. Em alguns jornais de televisão os jornalistas falam de forma surpresa que: “trabalhadores tentam voltar ao comércio. ” 

Na falta de disposições emergenciais econômicas do Estado brasileiro as pessoas tentam desesperadamente sobreviver. Não há surpresa ou espanto com esse tipo de situação, pois enquanto para alguns é louvável o período da quarentena/ isolamento social para outras pessoas é desesperador não saber o que vai comer no dia seguinte, pois vive e sobrevive de recursos adquiridos diariamente. É claro, que todos independente de classe econômica tem o direito de garantir e cuidar do bem maior que é a vida. Mas, como devemos proceder em estado de necessidade básica? 

O que vamos fazer em um país onde governantes nos lançam a morte? Fecham os olhos para a emergência! Não compreendem que a fome se dá todo dia? E que para existir isolamento social deve haver medidas que garantam as necessidades básicas das pessoas.

“Eu amanheci nervosa. Porque eu queria ficar em casa, mas eu não tinha nada para comer” escreveu Carolina de jesus em 16/05/1958 em uma obra autobiográfica “Quarto de Despejo”. As palavras da autora são atuais, pois muitas pessoas querem ficar em casa, mas não tem nada para comer. 

Garantir assistência econômica e social é dever do Estado e isto deve acontecer de maneira emergencial. Enquanto nós, povo brasileiro observamos passivamente o Presidente da república tripudiar diante da miséria. Miséria esta que não é recente ao cenário brasileiro, pois a colonização que nos desumaniza a séculos e que alcança a classe negra, pobre e trabalhadora deste país, em tempos de pandemia se apresenta ainda mais latente.

 

Aimé Césaire, no “Discurso Sobre o Colonialismo” nos sobreavisa que:

“ Uma civilização que se revela incapaz de resolver os problemas que o seu funcionamento suscita, é uma civilização decadente.

Uma civilização que prefere fechar os olhos aos seus problemas mais cruciais, é uma civilização enferma.

Uma civilização que trapaceia com os seus princípios, é uma civilização moribunda. ” (Césaire)

Portanto, nós, povo brasileiro ainda estamos violentamente colonizados, pois não retirar um governo que trapaceia com a emergência da saúde e da fome do povo é estar preso nos grilhões da desumanidade.

“A cor da fome é amarela… Estou tão indisposta que se eu pudesse deitar um pouco! Mas eu não tenho nada para os meninos comer. O único jeito é sair. ” (Carolina Maria de Jesus. Livro “Quarto de Despejo”). Ela denunciava as ulceras da cidade a pobreza, a fome e a miséria. A autoridade da fala é legítima, estamos falando de uma literatura-verdade onde ela narrava o cotidiano da favela. Carolina, sentiu fome até ver tudo amarelo. E não foi algo esporádico de um dia ou outro. Se Carolina não levantasse durante as madrugadas frias, para catar papel e vender, não teria dinheiro para comprar comida para ela e para os três filhos pequenos.

 Como estamos em tempos de pandemia? A comida está chegando em todas as casas brasileiras? Como as pessoas pobres estão sendo assistidas?

O governo Federal desdenha da miséria e o presidente Bolsonaro, covardemente se coloca em posição criminosa de negligência, diante da necessidade emergencial de sobrevivência da classe trabalhadora. Enquanto outras autoridades políticas como prefeitos e governadores ficam na inércia para mobilização econômica. As pessoas estão sendo expostas a violência da fome. Em um país que produz toneladas de alimentos.

O que o coronavírus está nos ensinando é que em uma sociedade todos devem ter as mesmas oportunidades. E é necessário e urgente proporcionar dignidade para a vida de todas as pessoas. Saneamento básico, Renda básica, saúde, educação, tecnologia e infraestrutura…A desigualdade social por muito tempo asfixiou a classe negra e pobre deste país e isto não incomodou a classe rica dominante, hoje temos a esperança de edificar e garantir condições práticas de humanização para que todos tenham condições de coexistência.

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Laila Geovana Beirão
Laila Geovana Beirão
Professora de filosofia, Mestra em Estudos de Linguagens e Bacharela em Direito. Mulher negra, ativista contra o racismo e todo o tipo de violência e opressão. Estudo e escrevo para contribuir com a construção de uma sociedade justa, livre e de reconhecimento entre os seres humanos.
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