Mais de 160 famílias vivem hoje em lotes de terras, distribuídos pelo MST (Movimento dos Sem Terra) na Fazenda Experimental Mocó que pertenceu à EBDA (Empresa Brasileira de Desenvolvimento Agropecuária do Bahia) extinta pelo Governo da Bahia em 2016.
Com cerca de 20 crianças e diversos jovens em idade escolar, a Associação Rural Comunitária ‘Estrela Vive’, responsável jurídica pelo acampamento, sonha com a instalação de uma Escola Técnica com o suporte e apoio da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), aproveitando instalações da fazenda que estão em desuso.
A Mocó é uma área rural com 582 hectares de terras entre o Rio Jacuipe e as margens da antiga Estrada Real ou de Jaguara na zona oeste do município. Antes de chegar até ela estão bairros populares como Campo do Gado Novo, Pampalona ou Gabriela, além de diversos edifícios do programa federal de habitação.
A Fazenda Experimental (tinha esse nome porque foi criada para fazer pesquisas e experimentos genéticos com animais, destacando-se a raça de jumento Pêga, desenvolvida na fazenda) foi ocupada pelo MST em 2009, quando as atividades já estavam em decadência e havia um abandono nas instalações, que são muitas. Casas, estábulos, baias, armazéns, currais, etc.
No primeiro momento da ocupação os barracos de lona preta ficaram juntos em uma área próxima à antiga sede. Só há cerca de dois anos eles começaram a distribuir os lotes e quem entra hoje pelo portão antigo da fazenda logo vê as casas espalhadas pelos pontos mais altos do terreno acidentado às margens de uma estrada sofrível que atravessa a fazenda até o outro lado, no rio Jacuipe.
Gilvan Oliveira, 31 anos, é advogado formado na Universidade Estadual da Bahia. Ele hoje é o presidente da Associação ‘Estrela Vive’. “O MST é a representatividade política, a Associação tem a responsabilidade jurídica”, explica. É através da Associação, por exemplo, que os recursos federais em decorrência da Covid19, foram requeridos para os moradores. A Associação fez projetos para criatórios de animais, inclusive caprinos, mas até agora nada andou.
No acampamento a agricultura é de subsistência e o criatório ralo. Há poucos animais e os que existem estão em área solta destinada. Não é uma área produtiva no sentido comercial. O mais concreto de tudo é a subsistência das famílias no local. Muitos trabalham em Feira, fazem bico, são profissionais autônomos. Mas todos têm que dar atenção à terra e prestar contas à Associação que busca administrar de maneira coletiva, explica a coordenadora do acampamento, Maria Helena Ramos, conhecida como Leninha.
Leninha nasceu nas cercanias da Mocó, num lugar chamado São Paulo, e conhece a região palmo a palmo. É ela que organiza os ‘coletivos’ para os trabalhos comunitários na fazenda. Ajeitar uma cerca, limpar uma roça comunitária, remendar a estrada de acesso, o que for preciso.
Segundo Gilvan, a Prefeitura de Feira de Santana ignora o acampamento e os pedidos de ajuda, inclusive na área educacional. A EBDA mantinha uma escola fundamental no local que ainda funcionou por um ano depois da ocupação, lembra Leninha, mas foi fechada e nunca mais se falou nisso. As crianças vão para o portão pegar o ônibus escolar.
A instalação de uma Escola Técnica para atender não só aos jovens do MST mas a todos da zona oeste da cidade, mudaria a rotina e os rumos do acampamento, é o que pensam Gilvan e Leninha.. Através da Associação, no ano passado ele enviou ofícios à Reitoria da Universidade sugerindo a escola. Não recebeu resposta.
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Infraestrutura… Se os moradores providenciarem carteiras , cadeiras e até computadores/notebook é possível montar uma sala de aula … Seria um prazer participar como um dos instrutores