
Na van da Matinha, nem vazia nem cheia, todos mascarados e silenciosos, eu ouvi como um sussurro nas cadeiras da frente: morreu o dono da Artzorra, né? pois é, mulher, eu gostava dele…
No Galpão das Farinhas, no Centro de Abastecimento, Machado vai logo falando antes mesmo d’eu pedir o divino ensopado de carneiro de Dona Nal…e Carlão heim? ali gostava de fazer feira aqui no Centro…
Lá em cima, antes de descer a ladeira, na esquina da Conselheiro, onde desponta o edifício da Euterpe Feirense, Hélio Queiroz já havia me esbarrado lembrando de Carlão no Cabaret, aquela famosa casa de entretenimento que ele e os irmãos administraram e que marcou uma época em Feira. Ele dançava sensualmente, quase fazendo sexo no meio do dancing, me diz, rimos e seguimos viagem.
Quando terminei o ensopado subi pela Olímpio Vital. A cidade está em obras. Há lama na praça do Tropeiro, há tratores nas avenidas, ruas, becos. Os ficus do canteiro central são altos e esgalhados mas ainda há folhas pra sombrear o passeio. A cidade está abafada e o sol dá o valor exato das sombras. Quando consegui chegar n’O Predileto os garçons falavam sobre Carlão.
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