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Daniel Rego
sábado, 21 de agosto de 2021 / Publicado em Colunistas, Home

Quem dizem os homens que sou?

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O conselho do Oráculo de Delfos para Sócrates — conhece a ti mesmo — ocupou desde então a mente dos filósofos; a tradição ocidental é (quase toda) baseada na noção de autoconhecimento imanente. Platão buscava, pela reflexão chegar às ideias perfeitas, Descartes procurava em sua própria consciência a verdade fundamental, e assim por diante.

Há, porém, uma outra maneira de explorar o problema, e talvez mais adequada ao cientista social: “Quem dizem os homens que sou?”. É o que Jesus pergunta aos seus discípulos, talvez prefigurando a noção de que a intersubjetividade também constitui a realidade. O ‘eu’ é construído pelo outro tanto quanto o é por mim; meu status jurídico me é atribuído, minha trajetória precisa ser reconhecida (com um diploma, com uma carta de recomendação…), minha cidadania é condicionada à determinados registros notariais de fé pública: nascido em, filho de.

No mundo cada vez mais social, numa realidade na qual a facticidade é cada vez mais precária, o ‘reconhecimento’ ocupa o lugar do ‘conhecimento’. Obcecada com a noção de ‘verdade’ (geralmente no singular), a tradição ocidental raramente se questionou sobre as percepções — quando o fez, subordinou-as á verdade sempre transcendente que, paradoxalmente, deveria ser buscada pela reflexão, por definição imanente.

Apenas a pós-modernidade conseguiu articular essa inquietação, mas apenas na forma de uma aporia e sem ser, portanto, capaz de apresentar uma solução que superasse a ideia de verdades (agora no plural) ultraindividualizadas, quase solipsistas. Isso decorre do desconforto que causa aceitar que a constituição da verdade (seja a verdade sobre a natureza, sobre o outro e, principalmente, sobre mim) é sempre intersubjetiva e que não há outra maneira de chegar a um proferimento verdadeiro senão pelo debate e pelo consenso.

Ora, os sofistas viram seu momento de glória! Há verdade, sim, mas ela é construída na Ágora; ela é agonística por natureza, ela é sempre provisória (como são os statements da ciência) e mutável.

E vós, quem dizeis que sou?

Publicado originalmente em 7 de outubro de 2020

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Daniel Rego
Internacionalista e mestre em Ciência Política.
daniel@blogdafeira.com.br
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