Os folhetos que identificam a chamada Literatura de Cordel agora estão evoluindo para livros grossos de capa dura ou brochuras devido ao ganho de um novo público, mais abonado, culto e exigente. Já estão chamando de “Cordelivro” que é volume contendo coletâneas, antologia, seleções ou reunião de casos populares, embora mais revisados e com ilustrações mais elaboradas. Está entrando no gosto do burguês, penetrando e sendo discutidos em universidades e vendidos nos âmbitos de livrarias, exibidos em cartazes, catálogos, mostruários e em painéis de plásticos ou na Internet.
Enquanto isso, seus verdadeiros leitores, ou gente do povo, estão indo para o telefone celular e consumindo postagens de notícias, casos, memes e outras coisas que atiçam a curiosidade. É uma comunicação rápida e visual sem precisar de muito esforço para ler e pensar.
Tal fenômeno retratamos agora no prefácio que nos foi pedido pela Nordestina Editora para a sua publicação “Nova Antologia de Cordelistas Baianos” que traz folhetos de 30 autores, inclusive de Maxado Nordestino e do seu editor, o poeta Zeca Pereira. É, desse modo, o que podemos chamar de um “cordelivro” tal o volume e formato, como vamos apresentar no lançamento virtual da FLIFS – Festival Literário de Feira de Santana, no próximo dia 23 de setembro.
A Literatura de Cordel sempre foi sofreu metamorfose, mudando e se adaptando com as formas der Comunicação, antes, eram os casos, as cantigas e os romances contados, cantados ou declamados. Ou folhas de papel manuscritas. Depois, com o advento da Imprensa em tipografias, puderam ser impressos e vendidos em feiras e locais públicos. Depois, surgiu a “off set”, a xerox e outros métodos de impressão. Também, puderam ser transmitidos no rádio, bem como depois na televisão.
O Cordel foi se adaptando e mudando sua apresentação para disco cd, pendrive etc. Mas o telefone celular numa época de rapidez faz com que um novo público de valor o consuma como se fosse do seu universo de interesse, o livro propriamente dito. Aí, claro, que sua linguagem fica mais trabalhada, com ilustrações mais elaboradas entrando até a cor. O limite entre o popular e o erudito se dilui e é possível que o folheto sucumba e vire marca de uma época como já aconteceu em Portugal, na Espanha, França. Alemanha, Itália, Holanda e em outros países.
No Brasil, resiste e, talvez, se metamorfoseie muito mais e por muito mais tempo.
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