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André Pomponet
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021 / Publicado em Colunistas, Home

Visita a São Roque do Paraguaçu

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O silêncio é eloquente em São Roque do Paraguaçu na manhã de domingo. Nas cercanias da igreja de São Roque – o templo, azul e branco, sóbrio de detalhes, fica no alto de uma ladeira de pedras, íngreme – só há animação nos botecos que atraem uns poucos biriteiros nativos. Enxugam litrinhos e litrões e espicham olhares tristonhos para a estrada estreita, castigada pelo sol abrasador. O lamento do arrocha – fenômeno musical imbatível no Recôncavo – soa como perfeita trilha sonora para aquela desolação.

À primeira vista, o distrito – que integra o município de Maragogipe – é semelhante a milhares espalhados pelo Brasil. A diferença é que, em São Roque, as lembranças da febril prosperidade recente estão ali, muito vivas. Apesar do silêncio, o clima de entusiasmo de apenas uma década atrás parece ainda impregnar o ar.

Não são poucas as construções abandonadas, algumas delas já se decompondo pela ação do tempo; também não são raros os prédios que foram sendo erguidos, mas que, com a eclosão da crise, estão abandonados, aguardando novo eldorado para sua conclusão. Onde há telhado, faltam portas, janelas, piso, o acabamento definitivo. Projetos de restaurantes, hotéis e pousadas ficaram pelo caminho.

O estaleiro na enseada do rio Paraguaçu – bem no fundo calmo da Baía de Todos os Santos – viveu seu ápice a partir da segunda metade da década de 2000. A crise econômica que eclodiu em 2015/2016 e os desdobramentos da operação Lava Jato fizeram o projeto arrefecer. Ali nas cercanias do Recôncavo não faltou quem apostasse numa prosperidade permanente, infindável.

Em Salinas da Margarida é possível ouvir relatos de comerciantes sobre a época. Restaurantes vendiam centenas de refeições todos os dias, hotéis eram contratados por empreiteiras para abrigar só seus funcionários, vindos de São Paulo, do Rio de Janeiro, até do Maranhão. Os preços dos alugueis foram às nuvens: imóveis alugados por R$ 300 passaram a valer R$ 2,5 mil.

Movidos pelo frenesi, empreendedores endividaram-se com bancos, obtiveram empréstimos para investir em imóveis. Houve quem assumisse R$ 1,5 milhão, R$ 2 milhões em dívidas. Quem conta são os comerciantes locais, ainda pasmos com aqueles tempos.

De qualquer maneira, o guindaste e imensas estruturas metálicas do estaleiro permanecem lá, como símbolo daqueles tempos. São visíveis em São Roque do Paraguaçu, mas, sobretudo, na rodovia esburacada que liga a localidade a Salinas da Margarida. Veem-se trabalhadores no estaleiro, algum movimento, mas nada que lembre aqueles tempos febris.

A estrada sinuosa permite notar toneladas de minério de ferro aguardando embarque. Notícias recentes indicam a pretensão de se investir num porto, no escoamento do minério extraído de jazidas na Bahia. Essa atividade vai se somar à vocação inicial do estaleiro, de construção de navios e plataformas para o setor petrolífero.

Ninguém sabe se futuro reserva uma retomada daquele ritmo frenético de anos atrás. Dado o desmonte do setor petrolífero no Brasil, tudo indica que não. Por enquanto, naquela região, o que há são lembranças dos bons tempos, evidentes nos olhares nostálgicos de muitas pessoas…

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André Pomponet
André Pomponet
Economista pela Universidade Estadual de Feira de Santana (2002), mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (2012), exerce o jornalismo desde 1995, quando ingressou no extinto jornal Feira Hoje. Posteriormente, atuou em outros órgãos de comunicação e foi Chefe de Redação da Assessoria de Comunicação Social da Câmara Municipal de Feira de Santana.É colunista do Blog da Feira.
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