Poucos estabelecimentos comerciais abriram ontem (26) no centro da Feira de Santana no feriado dedicado à padroeira do município, Senhora Santana. Praticamente só as grandes lojas de departamento, ali pela Senhor dos Passos. Aquela avenida, a propósito, foi a que registrou algum movimento de veículos e pedestres, mas mesmo assim muito aquém dos dias normais. Boa parte dos estabelecimentos comerciais permaneceu fechada, comerciário e consumidores em casa, aproveitando a folga sob as garoas intermitentes.
Na Sales Barbosa apenas uma loja, solitária, estava aberta. Os comerciários proseavam, à espera de clientes que não apareceram. Pela artéria – sempre movimentada em dias comuns – havia um silêncio intenso, que só o vento indócil nas bandeirolas juninas quebrava. Adiante, na praça Froes da Motta, a mesma quietude.
O fracasso era previsível. Depois das celebrações juninas, muita gente permanece endividada, sem dinheiro para novas compras; o interminável mês de julho – para os assalariados – apenas se aproxima do fim; e chegar ao centro da cidade utilizando transporte coletivo é um hercúleo teste de paciência, pois os ônibus, escassos em dias úteis, somem de vez nos feriados. Quem dispõe de carro próprio também se acautela: com os preços dos combustíveis, é melhor otimizar os deslocamentos, evitando gastos desnecessários.
O cenário, portanto, estimulava pouco o comerciante médio, que precisava pagar uma diária para o funcionário, caso desejasse abrir seu comércio. No fundo, loja miúda aberta em todos os feriados não compensa. Naquelas datas com maior apelo comercial, tudo bem. Em todos os feriados, visivelmente não.
Assim, só os grandes empresários podem aventurar-se abrindo loja, tentando vender. Obviamente, as filiais das grandes redes – as principais interessadas – figuram nesse grupo, ao lado de uns poucos comerciantes locais, graúdos. Mas imagino que, pelos resultados, percebam que não é fácil – nem rápido – mudar hábitos solidamente arraigados, como o de aproveitar um feriado.
Nota-se que a autorização para o comércio abrir vem sendo renovada a cada feriado desde o ano passado. Os resultados são, conforme mencionado, pífios. Mas imagino que a estratégia vai ser mantida, afinal há o interesse direto das grandes lojas de departamento, sobretudo aquelas instaladas na Senhor dos Passos. É um esforço de mudança cultural alavancado pelas renitentes aberturas, sem trégua.
Mas, por outro lado, não faltou ânimo à comunidade católica que se dedicou com entusiasmo às celebrações em homenagem a Senhora Santana. Suspensos desde 2020, os rituais – que incluíram o novenário – mobilizaram milhares de feirenses. Para quem não acompanhou as festas, o foguetório dos últimos dias atestou o nível de empolgação. Na data, muitos optaram por dedicar-se às celebrações para a Padroeira, abdicando de passear pelas artérias comerciais, vazias e melancólicas…
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