Se você espera uma resposta a esse ‘por quê’ pode parar a leitura por aqui. Nenhuma pretensão nem competência para isso. Sei é que desde 1978, um ano depois da feira-livre ter descido, e poucos vestígios haviam a quem nunca a tivesse conhecido ali por perto do Paço Maria Quitéria e adjacências, já havia essa queixa do comércio ‘lá de baixo’. A Olímpio Vital era um beco ainda, o vaqueiro velho feito de manequim barato ainda não havia chegado para ilustrar a avenida que hoje ela se exibe, e o fluxo do tráfego se fazia pela rua Recife, essa ladeira que você vê na foto (clique para ampliar), repaginada, recentemente, com um pavimento novo onde embaixo segue um extenso túnel de drenagem que deságua no riacho após o Shopping Popular e o Centro de Abastecimento lá embaixo. O cliente sempre tendeu a ficar em cima, no centro tradicional, no quadrilátero antigo de origem. A chegada dos supermercados tirou primeiro os mais abastados da freguesia da feira-livre transferida e foram depois seguidos pela multidão da grande classe média movida a ânsias de status e equivalências. O Centro de Abastecimento ficou cada vez mais para os da roça (Alô Roça Sound!), a grande roça da Feira, hoje oito distritos rurais e uma enorme produção de subsistência familiar. Ficou, em resumo aligeirado, para o povo pobre. Logo logo Tia Nita, ali pela década de 80, na redemocratização, um restaurante que intelectuais, jovens empresários, políticos, notívagos e boêmios folclorizaram durante uns anos, logo logo Tia Nita foi perdendo glamour e não recebeu mais as galeras das madrugadas famintas de fim de baladas. Logo logo descer ao Centro de Abastecimento (CA) tornou-se um ‘descer’ social, de classe e posição. Justificava-se com o argumento da lama e da sujeira que começou a prevalecer paralelo ao abandono institucional e comunitário, depois isso, aquilo, que os sociólogos podem bem explicar, e enfim a criminalização abateu-se cruelmente sobre o local a níveis alarmantes, com pequenos alívios e flutuações. Não é fake news dizer que há gerações de jovens nascidos em Feira que nunca foram ao Centro de Abastecimento nem à Praça do Tropeiro sobre a qual escreverei nos próximos dias. Se você chegou até aqui, aguarde.
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