A lápide de Anna Teixeira de Sant’Anna está na primeira avenida à direita de quem entra no Cemitério Piedade. Encostada ao muro. O Cemitério Piedade foi construído pela filantrópica Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana. No início do século passado já existia. Nos relata o saudoso memorialista feirense Antonio de Lajedinho: “A largura da fachada era a mesma que a atual, mas a medida da frente ao fundo era de um terço, aproximadamente, do que é hoje. A parte de campas perpétuas terminava ao lado da capela, onde havia um ossuário em forma de ‘Iglu’ onde eram jogados os ossos de indigentes e daqueles que pagavam somente o aluguel de dois anos”. Na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) há trabalhos acadêmicos reconhecendo o Piedade como bem cultural em virtude da apurada e rica arte funerária existente. A arte funerária vem ocupando, desde a década de 1990, um espaço singular na historiografia da arte no Brasil. Não são poucos os exemplos desse refinamento no Cemitério Piedade, ameaçado constantemente pelo “modernismo” das Provedorias. Anjos, querubins, inscrições tumulares, as letras, os vasos, a arquitetura dos sepulcros, uma infinidade de detalhes. No exuberante túmulo de um inimigo histórico de Lucas da Feira, o Capitão Innocêncio Affonso do Rêgo, (à esquerda da alameda principal que vai até a capela) há uma escultura belíssima de um anjo chorando sobre um conceptáculo. Na estranha campa de Anna Sant’Anna há desenhos simples, não há rebuscos, não há data nem dizeres, mas sente-se, também, a saudade e o amor imenso de Adelia.
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