A prévia do Censo 2022 surpreendeu quem acompanha a evolução da população aqui da Feira de Santana. O levantamento – ainda preliminar – foi divulgado semana passada. Nele, o município cravou 652.592 habitantes. Bem diferente das projeções anuais do próprio IBGE que, para 2021, estimava 624 mil pessoas. No censo anterior, em 2010, a Princesa do Sertão tinha população de 555.642 habitantes. Um crescimento, portanto, de quase 100 mil pessoas num intervalo de 12 anos.
É claro que, até a divulgação dos números finais, pode haver revisão, afinal os dados não são definitivos. Mas, apesar das ressalvas, os resultados fazem pensar. A rigor, a população feirense expandiu-se 17% em 12 anos. No decênio entre os censos de 2000 – quando a Feira de Santana tinha 480,9 mil habitantes – e 2010 a população se expandiu 15,6%, aproximadamente. O ritmo de crescimento, portanto, permanece próximo daquele da década anterior.
O que é que explica a velocidade de expansão estável, próximo daquele dos anos 2000? A taxa de natalidade no município permanece nos mesmos patamares? Há mais mulheres em idade reprodutiva, o que mantém a expansão, mesmo com tendência de queda na natalidade? Houve um silencioso processo migratório que ajudou a impulsionar o ritmo de crescimento? Se sim, quem veio para a Feira de Santana?
As respostas a estas questões só virão quando o levantamento for concluído e o IBGE começar a divulgar as informações com maiores detalhes. A partir daí, os estudiosos poderão se debruçar, formulando explicações. Mas isso ainda deve demorar alguns meses.
O fato é que os números inflamaram muitos feirenses, orgulhosos do fato de sua cidade ser maior que oito capitais brasileiras. Muitos associam progresso e desenvolvimento à quantidade de habitantes. Nem sempre é assim. O melhor sinalizador é, costumeiramente, a qualidade de vida. Os vários indicadores que a mensuram – a exemplo da renda per capita – colocam o município entre os derradeiros, comparando-o àqueles do mesmo porte.
Quando o Censo 2022 for concluído e o conjunto de informações estiver à disposição, as autoridades contarão com um rico acervo para elaborar políticas, corrigir rumos de gestão e, assim, contribuir para elevar a qualidade de vida da população. Apesar do atraso, o Censo é oportuno porque, logo à frente, ano que vem, haverá eleições municipais. Programas de governo bem elaborados, amparados por diagnósticos sólidos, podem impulsionar a Feira de Santana que, dentro de 10 anos, chegará ao seu bicentenário…
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