Recebemos com tristeza a notícia do falecimento do artista Jorge de Angélica, mas, mais do que isso, é grande a nossa indignação ao sabermos que ele implorou a um secretário do município atendimento, mas não resistiu a espera na fila de regulação. Há um áudio do artista divulgado no jornal “O protagonista” implorando por atendimento ao secretário antes de morrer.
Quantos mais precisarão morrer na fila de espera de regulação do Estado da Bahia? Quantos mais precisarão morrer no município de Feira de Santana sem hospital municipal?
O município de Feira de Santana também tem responsabilidade nestas mortes e os governantes as mãos sujas de sangue, todos têm sua parcela de responsabilidade tanto do Estado quanto do município, pois neste jogo de empurra responsabilidades as pessoas perdem a vida. Já disse a grande filósofa Sueli Carneiro: “entre esquerda e direita eu continuo sendo preta.” Para lembrar o racismo estrutural e institucional que atravessa as instituições e justifica a demora do atendimento.
Vale salientar que Feira de Santana vive há décadas com escândalos de corrupção na saúde, que funcionários da saúde sempre estão paralisando atendimentos por falta de pagamentos de salários, que há tempos não há concursos públicos para área da saúde, que Feira de Santana não tem um hospital municipal para atender sua população, além do Hospital da Mulher, que só temos as UPAS e os hospital do Estado. É preciso chamar os governantes e as Instituições para a responsabilidade.
Quantos mais precisarão morrer? Grande é a nossa revolta com o descaso, e a morosidade perversa e insensível com a vida e com a negligência da garantia de direito constitucional à saúde.
Hoje ao receber a notícia do falecimento lembrei do dia 05/09/2023, foi a última vez que o vi, fui representar a minha avó Ana da Maniçoba na homenagem que ela recebia no museu MAC – Museu de Arte Contemporânea, Jorge de Angélica também era homenageado eu o cumprimentei e disse: – “estou feliz de ver vocês sendo homenageados em vida.” Ele sorriu, me abraçou e agradeceu.
Todo respeito ao artista que ele foi, é, e continuará sendo, pois, os artistas não morrem ficam eternizados na arte, na memória e no exemplo.
O negro do Pomba quando sai da Rua Nova
ele traz na cinta uma cobra coral