Não, o título acima não trata de reivindicação dos desportistas feirenses, nem é antecipação da campanha eleitoral que, em 2024, ganhará novamente as ruas. Trata-se, na verdade, do título de uma matéria do jornal O Momento, que circulou na Bahia entre as décadas de 1940 e 1950. Eis a notícia, publicada na página de esportes da edição de 24 de março de 1948:
“Segundo notícias que nos foram fornecidas por fontes oficiais, Feira de Santana terá dentro em breve o seu estádio. Novo presidente da Liga Feirenses de Desportos Terrestres, o médico Wilson Falcão logo que empossado no cargo tratou de resolver o assunto”.
O texto curto – pouco mais extenso que uma nota – não apresenta maiores detalhes sobre a viabilização da obra naquele momento. Mas antecipa a localização:
“O estádio feirense será construído no mesmo local do atual campo e obedecerá as dimensões olímpicas. Logo que o mesmo for concluído, é pensamento ainda da direção da Liga realizar temporadas com clubes cariocas ou paulistas que visitarem nossa capital”.
Pelo visto, vem desta época a paixão dos feirenses pelos times do Sudeste, do eixo Rio-São Paulo. Na mesma página de O Momento o leitor pode conferir que, na véspera, Ipiranga e São Cristóvão bateram, respectivamente, Galícia e Guarani por 7×3 e 3×2, em Salvador; que o mesmo Galícia se mobilizava para contratar o zagueiro Bacamarte, numa espécie de leilão, antecipando-se ao Ipiranga; e que Elísio e Sabino, livres após o fim do contrato com o Guarani, estavam sendo disputados por Galícia e Vitória.
Pois bem. O efervescente ambiente futebolístico de Salvador não interessava ao feirense, que aguardava o estádio em sua cidade para extasiar-se com apresentação do Flamengo, do Fluminense, do Corinthians ou do Palmeiras, sei lá.
Provavelmente até América-RJ, Bangu ou Juventus-SP despertavam mais atenção aqui na Princesa do Sertão. Os times de Salvador? Que ficassem com suas torcidas por lá, devia raciocinar o feirense fã do futebol.
A nota de O Momento findava com uma constatação e um prognóstico: “Trata-se como se vê de um grande empreendimento, que por certo receberá todo apoio dos desportistas de Feira de Santana”.
Imagino que o estádio anunciado seja o atual Joia da Princesa, hoje bem depauperado, coitado. Mas será que os grandes do Rio de Janeiro e de São Paulo realmente se apresentaram com frequência por aqui? É improvável. Só sei que o interesse pelas equipes do Sudeste só fez crescer desde então, conforme se vê pela Feira de Santana.
Galícia, Ipiranga, Guarani e São Cristóvão, por sua vez, tornaram-se só lembranças de antigos desportistas baianos…
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