A lufa-lufa política acabou depois das eleições realizadas no domingo. Os foguetórios, as carreatas, as caminhadas, os santinhos distribuídos e os jingles tocados incessantemente – enfim, a muvuca – ficaram para trás. Restam, em muros, muretas e postes, os cartazes dos candidatos sorridentes. Com o tempo, vão se desfazer, perdendo a cor, enrugando e se desprendendo. Alguns eleitores apressam o serviço, desprendendo os cartazes de seus muros e portões.
Como se sabe, aos vitoriosos coube o júbilo; quem perdeu tentou sustentar o otimismo, enaltecendo o próprio desempenho, o que é do jogo; uns e outros se debruçam para esmiuçar números, mapear a distribuição de votos, aferir suas forças e fragilidades. Essas informações vão orientar condutas, permitir traçar rumos mais à frente.
No Legislativo feirense, há novidades. Não, não se trata de novos nomes, porque isso quase não aconteceu. Mas é que aquela pulverização partidária de outros tempos – as legendas de aluguel sempre elegiam algum azarão – já não tem a mesma amplitude. Quem coloca gente no parlamento são os partidos mais sólidos, amparados por robustos fundos eleitoral e partidário.
Em 2024 o União Brasil – partido do prefeito eleito José Ronaldo de Carvalho – elegeu sete vereadores, o que corresponde a um terço da Câmara Municipal. Na sequência veio o Progressistas, com quatro parlamentares; o Partido Liberal (PL) e o Partido dos Trabalhadores (PT), despontam com dois vereadores cada. São, portanto, 15. Os seis restantes representam, cada um, uma legenda.
Doze anos atrás, em 2012, o cenário foi bem diferente. Naquela ocasião o futuro prefeito José Ronaldo elegera-se para seu terceiro mandato. Seu partido – o então DEM – elegeu só dois parlamentares; a Câmara Municipal era bem heterogênea em termos partidários: os 21 vereadores representavam nada menos que 15 legendas.
O que explica essa concentração recente? As reformas políticas tocadas desde aquela época foram enrijecendo as regras eleitorais, o que incluiu cláusulas de desempenho para os partidos. Sem recursos, desde então alguns nanicos se fundiram e outros trilharão o mesmo caminho a partir de 2026. Dinheiro farto, de fato, só para as maiores legendas.
Ampliaram-se, também, recursos e vantagens para quem já está no poder. Quem está de fora, e tenta, enfrenta dificuldades crescentes. Não foi à toa que boa parte dos vereadores feirenses se reelegeu. Alguns que estavam afastados do Legislativo retornaram. Apesar de se reclamar muito dos vereadores pelas ruas, houve pouca mudança.
É que, no fundo, o povo reclama, reclama, mas reelege.
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