VAMOS COMEÇAR pela pracinha da Candeia Grossa onde a cajaraneira (ou umbuzeiro?) uma árvore majestosa da caatinga, sombreia um bom pedaço do chão quente ao meio-dia. Ao lado da igrejinha, outras árvores fazem o papel de dar alívio à soalheira dessas horas que se abate sobre o povoado erguido numa elevação próxima ao rio Pojuca.Não existe mais a candeia grossa, que se destacava em meio ao candeial existente no início da povoação. Quase nem existe mais candeia pelas terras dali.Piá, morador e comerciante, aponta o que acha ser a candeia plantada na praça próxima à placa da última reforma.Árvore que pode chegar a 8 metros de altura, a candeia de Candeia Grossa é um arbusto podado frequentemente.
Candeia Grossa é um dos povoados que formam a Matinha, o distrito que neste fim de semana completa 12 anos que foi criado em Feira de Santana(Ba).
Na Matinha dos Pretos, o povoado-sede, onde fica a praça mais ampla, acontecem os festejos oficiais.
O acesso principal ao povoado-sede é pela BR-116 Norte, entrada pouco depois do bairro Novo Horizonte no sentido Feira-Serrinha. Estrada de 8-10 km, toda asfaltada. Mas, cuidado, é sem acostamento e tem um razoável trânsito com motos, bicicletas e pedestres
Olhos D’Água das Moças, Alecrim Miúdo, Jacu, são alguns lugares mas ao todo são 15 povoados distribuídos no território da Matinha. Em Jacu teve a peste bubônica que quase dizimava os moradores de lá. Famílias de escravos fugidos da fazenda Candeal ocuparam as margens das lagoas Salgada e Mundéu.
A Mundéu você avista da BR-116. À margem dela um advogado construiu um castelo em estilo medieval europeu.
O passado da Matinha tem historias de escravidão e liberdade.
“(…) já a porção norte de Feira de Santana, que possui solo e clima característico do agreste baiano é justamente onde estão localizadas as comunidades quilombolas da região, posto que por conta do difícil manuseio do solo é pouco provável que houvesse um interesse significativo pelo desenvolvimento de grandes propriedades monocultoras na região” .
A autora desse trecho acima é Railma dos Santos Souza, professora, pesquisadora, com um estudo publicado sobre “Memória e História Quilombola, Experiência Negra em Matinha dos Pretos e Candeal”. Railma nasceu na Matinha.
Matinha tem mais ‘celebridades’. Cida Mainha de Akin está aí nas redes sociais para provar. É uma das mulheres empoderadas da Matinha.
E o samba da Quixabeira da Matinha? é troféu da riqueza do patrimônio imaterial.
A paixão pelo futebol é um traço urbano, com mais de dúzia de campos-de-bola adequados a campeonatos. Já fui socorrido em um prego de veículo por Vovô do Confiança, o time mais antigo da Matinha.
Mas se sua predileção é pelo cavalo, pela vaquejada, seu lugar também é por lá. Fale com Lourenço no ‘Parque Panggaré’ (assim mesmo, com “g” duplo!). Ou vá alí perto na ‘baixa de areia’ onde tem uma pista com uma dupla de vaqueiros treinando uma égua.
Os povoados da Matinha são todos urbanizados. Ou, pelo menos loteados, em expansão urbana imobiliária. Há loteamento projetado em todo lugar.
Mas são ruas estreitas (as que existem e as projetadas) e há uma notävel ausência de arborização pública (talvez pelo fato de existirem ainda pequenas matas no entorno).
Para quem se preocupa com o meio ambiente, com as águas públicas, deve prestar atenção ao Tanque da Matinha:
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