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Jolivaldo Freitas
terça-feira, 17 de março de 2020 / Publicado em Colunistas

O coronavírus e os espertalhões

São muitas as desgraças que afligem a humanidade, mas sempre existirá quem saiba tirar proveito do pânico, do medo ou da miséria alheia. Teve quem, na Idade Média, aproveitasse par enriquecer ou ganhar mais poder e influência com a Peste. Os ratos serviram de motivo para a dominação. As pulgas dos ratos fizeram encher a burra dos aproveitadores, notadamente dos charlatães.

A Igreja Católica, por exemplo, sempre foi pródiga em ações de cunho mercadológicos. Desde seus primórdios que fatura em nome de Deus. Bastava ameaçar com uma temporada perpétua no fogo do inferno. Mas, vendia-se a absolvição dos pecados. Era somente pagar as espórtulas, fazer suas doações, confessar e se arrepender. 

Na Bahia era useiro e vezeiro os pecadores de alto quilate, como os escravistas e os comerciantes destinarem grandes fortunas que serviram para assegurar o que se tem hoje, com o grande e brilhante acervo arquitetônico religioso; tantas igrejas, como a de São Francisco, que até revestimento de ouro possui.

Também as viúvas dos comerciantes, escravistas, exportadores, donos de engenhos e tantos outros, depois vindo os banqueiros e os industriais, que buscavam ofertar dinheiro e recuperar um telhado ou uma fachada. Em compensação o arcebispo autorizava o pároco a sepultar os “bons de coração” nas criptas das igrejas. Também se comprava ou trocava-se com as doações missas e mais missas durantes anos, para que a alma do usurário e charlatães tivessem a obtenção do caminho para o céu.

Quem mais se deu bem com a consciência pesa dos ricos oi a Santa Casa da Misericórdia. Fortunas foram deixadas em seu nome e basta chegar na área do Comércio e no Centro Histórico para ver que boa parte daqueles casarões pombalinos ou coloniais que estão caindo aos pedaços pertencem ao seu patrimônio.  A Santa Casa tem sobrados em tudo que é lugar de Salvador. Tem terrenos.

 Mas, nenhuma igreja demonstrou tanta criatividade, principalmente na tentativa de suplantar a Igreja Católica, quanto Igreja as evangélicas. É boa sua perspectiva de que fortuna e felicidade não podem esperar. Precisam ser obtidas aqui e agora. Esperar morrer para ter a felicidade eterna é um furada, segundo preconiza. Os ideólogos dessas igrejas já inventaram de tudo. Mas, sempre cabe um pouco mais.

A primeira igreja evangélica a a fazer sucesso foi a de Edir Macedo. O primeiro passo foi instituir o dízimo. Os batistas já faziam, mas de forma sutil. Chocava a quem não estava acostumado ver as sacolas cheias de dinheiro. Como o dízimo não era suficiente foi preciso garantir outro tipo de faturamento e surgiu a invenção da venda de água ungida. Depois as fitinhas, imitando as medidas do Senhor do Bonfim, as sessões de descarrego, as campanhas de doações. Disseminou-se a ideia dentro dos templos que aqueles que doassem maiores valores seriam agraciados mais rapidamente.

Levantamento feito pela Escola Superior de Propaganda e Marketing revela que este mercado da fé movimenta mais de 12 bilhões de reais por ano, sem contar o dízimo. Mas, como a criatividade não para, a nova estratégia de faturamento das lideranças evangélicas é das mais ousadas. Algumas igrejas estão vendendo a partir de agora o óleo consagrado. Qual a função do óleo? Imunizar quem adquirir, contra o coronavirus. Proteger e também curar.

O lançamento foi feito pela Igreja Catedral Global do Espirito Santo que se autoproclama A Casa dos Milagres. A igreja disseminou o produto através das mídias sociais e virou sucesso. O título do anúncio: O Poder de Deus contra o coronavírus”. Conseguiu de saída encher os cultos para unção do óleo consagrado, e ainda oferecendo outras garantias como a de proteger contra qualquer tipo de epidemia. Ô povo!

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