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Daniel Rego
domingo, 26 de abril de 2020 / Publicado em Colunistas, Home

Escritos do isolamento 2

Em tempos de crise, de desesperança, de falta de confiança em tudo e em todos, é muito fácil esquecermos quem somos. Nossas raízes. Nosso caule que cada vez mais engrossa e de onde brotam folhas que sobem, sobem, sobem à procura de luz, de espaço, de céu. E, lá no topo, no reino distante do Sol, ainda estão ligadas às raízes, que lhe dão sustento.

Ah, céu… Tantos significados daquilo que nos cobre e vai além. O paraíso religioso, o mistério científico. “Nada permanece encoberto debaixo do céu”. Debaixo do céu estão nossos sonhos, que sempre miram acima dele.

Uma frase que gosto: “O ser humano não permanecerá para sempre na Terra mas, à procura de luz e espaço, penetrará primeiro timidamente além dos limites da atmosfera e, finalmente, conquistará o sistema solar”. Mesmo que a tradução do russo não esteja tão boa (pois feita via inglês), é a inscrição no Monumento aos Exploradores do Universo Próximo (foto), em Kaliningrado. Uma das joias da curiosa cidade russa — um espetáculo à parte — ilhada na União Europeia. Exclave fruto da Guerra. Presta homenagem a 3 “camaradas” locais que subiram aos céus e registra o pensamento do cosmologista e filósofo trans-humanista Konstantin Tsiolkovski.

Do outro lado da Guerra Fria, outro grande monumento foi erguido. Este muito mais conhecido (e rentável). Star Trek, um monumento na televisão. À procura da “fronteira final”, o ser humano penetra nos céus. E como Galileu Galilei, procura a verdade lá fora. Encontrou espelhos. Percebeu que sua única verdade é o próprio instrumento, fabricado pelo próprio humano.

Não muito longe de Kaliningrado, Stanislaw Lem escrevia no verão da vazia Zakopane, capital polonesa do inverno. Em Solaris, também fomos lá fora. Mas o que encontramos é desconcertante. Nenhuma identificação havia com aquilo, tão não-humano, não-terrestre… Isso nos deixa loucos! Star Trek é o futuro onde todo o não-humano é demasiado humano. Solaris é onde o humano vive o não-humano radical. O Outro, com “O” maiúsculo.

Tsiolkovski sabia que procuramos luz e espaço. Miramos nos céus. O cientista soviético previa que subiríamos mais e mais, conquistaríamos a galáxia. E depois? Roddenberry previu que o contato com os outros seria a pedra fundamental da universalização do nós. Inspirado em Galileu, postulou um universo feito por nossas mãos. Acontece que esses outros eram caricaturas de nós. Imagem e semelhança. Lem percebeu que os outros, se não formos nós, não seriam interessante para nós, ao contrário, seriam perturbadores.

Estariam corretos? Talvez. Mas certamente Edson Gomes, da banda austral do planeta, contemplando toda a humanidade resumida no recôncavo baiano, soube um pouco mais, e arrematou: somos árvores bonitas!

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