
Ontem (15) foram registradas mais cinco mortes decorrentes do novo coronavírus na Feira de Santana. A informação é da Secretaria Municipal de Saúde. Na sexta-feira, ocorreram mais seis óbitos. Num intervalo de três dias, portanto, foram onze mortes. No total, 33 pessoas morreram em função da doença no município. Isso significa que um terço das mortes foi notificada nos últimos dias. Nem é preciso estar muito atento ao noticiário para perceber que, por aqui, a Covid-19 está ainda em franca disseminação.
Mesmo assim, o prefeito Colbert Filho (MDB) anunciou ontem a reabertura do comércio. Foi anunciado um escalonamento – uma espécie de revezamento – por ramo de atividade. Os shoppings serão reabertos. Anuncia-se, como sempre, que rigorosos protocolos serão aplicados – e fiscalizados – para evitar a disseminação da doença.
Aqui, até a semana passada, criticavam-se os baixos índices de isolamento social, sempre abaixo de 50%. Os apelos para que o feirense ficasse em casa eram muito frequentes. Subitamente – para surpresa de muitos –, descobriu-se que é possível reabrir o comércio, os shoppings, repovoar as estreitas artérias do centro da cidade.
O mês de comércio aberto entre abril e maio mostrou um consistente crescimento no número de infectados e de mortes, também, na Feira de Santana. Então é bom esperar 15 dias para, lá adiante, analisar com mais propriedade a decisão do prefeito Colbert Filho. Em Salvador, o prefeito ACM Neto mantém o comércio fechado. Isso até o dia 30 de junho, conforme já foi anunciado. Até lá é possível, até mesmo, comparar as duas estratégias.
Mesmo mais populosa e mais densamente povoada, Salvador tem estrutura de saúde melhor que a Feira de Santana. Houve investimentos mais robustos inclusive para o combate à Covid-19. Aqui as deficiências são visíveis. Talvez fosse desejável manter uma prudência maior, até em função dessas fragilidades. Mas, não: a partir de agora, o comércio estará reaberto e todos poderão acorrer às lojas.
É bom ressaltar: os números dirão, implacavelmente, se a estratégia foi a mais acertada. Não parece, pois nenhum dos países que combateram com êxito a Covid-19 adotou o abre-e-fecha como política mais adequada. Pelo contrário: lá houve lockdown, quarentena de fato. Por aqui, aposta-se na estratégia da tentativa-e-erro, na experimentação. Quantos vão morrer, desnecessariamente, nesse vaivém, nesse ir-e-vir?
No Brasil, isso não importa. O lucro se sobrepõe à vida desde sempre. Não ia ser diferente agora, com aquilo que chamaram, jocosamente, de “gripezinha”. Sobretudo num momento em que o País é comandado por Jair Bolsonaro, o “mito”.
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