Tomé e Honória fugiram da fazenda Candeal onde eram escravos e instalaram-se próximo à uma lagoa no meio da matinha onde lhe aguardava uma vida de liberdade e trabalho livre.
Dessas fugas daquela fazenda escravagista formou-se a maior parte das famílias que habita a área delimitada hoje como distrito rural do município de Feira de Santana, a Matinha.
Lucas da Feira é o símbolo da rebeldia violenta ao regime escravagista nessa parte da Bahia, intermediária entre o Recôncavo e o Sertão, mas histórias como esta de Tomé e Honória, pacíficas e de construção familiar, existem às dezenas esperando serem contadas e reveladas aos jovens.
A professora Maria Dalva fez isso com a história de Tomé e Honória e preservou até onde pôde a casinha onde viveu o casal, uma construção simples, de adobe, voltada para a lagoa e o nascente.
Acostumada e entusiasmada com os relatos orais sobre a vida dos seus antepassados, ela chegou a escrever um cordel com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e a encetar uma campanha pela institucionalização dessa memória histórica. Mas essa coisas em Feira…
A ‘Fazenda Salgada’ (é assim a denominação da localidade) está na rota norte de urbanização com construção de condomínios residenciais populares e de luxo.
A casa de Tomé e Honória entrou em partilha familiar e saiu da guarda da professora.
À margem da Lagoa, nas vizinhanças da casa de Tomé e Honória está implantado um desses condomínios…e estão chegando outros…por aí já dá para deduzir qual será o destino da casinha de Tomé e Honória.
- Primeira página - 16/01/2025
- Todos os caminhos levam ao Tanque da Matinha - 14/01/2025
- O Homem da Kombi - 14/01/2025