Reinou por longo tempo. Talvez Rogério Barreto, o Rogerinho pai da jornalista Dandara, saiba quando e como surgiu o título imperial do camelô, comerciante de sulanka, astro do varejo de Feira de Santana, o Rei Nelsinho. No Reinado de Nelsinho o escudeiro-mor era Leudo Pergentino. Nunca mais vi Leudo, depois que ele sumiu da Câmara de Vereadores onde andou assessorando alguma Vossa Excelência daquelas. Nelsinho e Leudo formaram naqueles anos de Reinado do primeiro uma dupla incapaz de não chamar atenção. Leudo tem um porte alto, óculos fundo-de-garrafa mas voz modulada já Nelson Roberto disfarçava a baixa estatura com saltos duplos no sapato, usava laquê nos cabelos e uma voz microfônica, é um tipo “cheguei”. E, ademais, era o próprio Rei, o dono do dinheiro e da ousadia nos negócios que assustava toda a Sales Barbosa e adjacências. Nelsinho era o Rei da mídia, o anunciante top da Globo local, estrela sorridente das colunas sociais. alô obrigatório dos programas de rádio e presença indispensável em todos os jantares mais finos e descolados da cidade. Ao escudeiro-mor estavam subordinados os escudeiros e reposteiros da Casa Real da Kammys, e fazia tratativas e propostas com fidalgos da imprensa radiofônica, fidalgos do conselho dos partidos políticos e eventuais sumiliers que aparecessem querendo servir ao Rei. Quando estava perdendo as jóias da coroa, o Rei Nelsinho ainda tentou aderir à República candidatando-se a deputado, mas era tarde, e a Casa caiu.
foto/GutoJads
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