Vai chegando o Natal e os prefeitos – os reeleitos – começam a se mexer para garantir a decoração natalina. Afinal, a população espera capricho em luzes e adereços para garantir aquelas selfies que vão circular entre amigos, nos grupos familiares e também viralizar nas mídias digitais. Decoração natalina aumenta aprovação de prefeito, eleva a autoestima da população e projeta a cidade, segundo se diz por aí.
Luzes, músicas, cores e adereços – embora chamativos – são, porém, uma pálida reprodução dos ambientes natalinos de fato, aqueles que se vêem em vídeos de lugares abastados do Hemisfério Norte. Ano a ano a criatividade traz algo novo por aqui, mas tudo soa artificial, cópia calorenta dos invejados ambientes polares.
Mas há novidades promissoras. Em Candeias – aqui pertinho, na Região Metropolitana de Salvador – o prefeito anunciou uma pista de patinação no gelo como atração natalina. Isso mesmo: uma pista de patinação no gelo. Coisa para fazer Candeias ferver.
Não nos faltam neve de algodão, renas, trenós, papais e mamães Noel agasalhados para os rigores do inverno polar. Mas o problema é que aqui tudo é muito quente, o Natal coincide com o tórrido verão. Que fazer? A população curte, faz lá suas selfies, mas fica um quê de decepção. Não há frio, neve menos ainda.
A pista de patinação no gelo, portanto, é notícia alvissareira. Mas é preciso mais de uma, são necessárias muitas delas. E amplamente espalhadas pelos municípios, alcançado até os tórridos sertões remotos. Para garanti-las, é necessário robustez de política pública, com verba bojuda discriminada no orçamento.
Apesar do pessimismo disseminado por aí, vê-se que a coisa avança em relação à decoração natalina. Creio – até – que o povo prefere uma cidade enfeitada a essa cantilena de saúde de qualidade, educação para todos, emprego e crescimento econômico, essas aspirações de inspiração comunista. Não, precisamos mesmo é de decoração natalina! Senão, onde se farão selfies?
Tomara que logo apareça aí um prefeito cercando uma praça qualquer e oferecendo neve artificial, daquelas de máquina. Seria o máximo, a cidadania poderia respirar, descansada, sabendo que sua selfie está garantida…
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