O povoado de Tócos, onde vive o Mestre Satú, Saturnino Nery, está próximo ao Bonfim de Feira, e entre os dois, está a localidade do Poço, onde morou, na beira do rio Mocó, Zabé Curandeira, mãe -de-santo que fez a cabeça de João do Jenipapo, do Bonfim de Feira. Paciência, mas se você não conhece, nem quer conhecer nenhum dos citados, arrume a malaê e se pique pros EUA. Eu vou lhe dizer:
Saturnino Nery, Satú, 82 anos, é líder do Samba de Tócos, um grupo envolvido com a música há mais de 30 anos, conhecido em todo o Brasil. Ativo, criativo, o mestre está enfrentando problemas de Saúde e está hospitalizado mas uma corrente de solidariedade está a favor dele;
Zabé Curandeira, foi uma mãe-de-santo muito respeitada e atuante na região e João do Jenipapo foi seu filho–de-santo que deu continuidade aos rituais e crenças dela, ganhando notoriedade e respeito;
Os três lugares – Tócos, Poço e Bonfim – são da rota antiga que primeiro interligou o diamante da Chapada através do Sertão e Recôncavo da Bahia. Hoje é cortado por estradas asfaltadas. Poço e Tócos são do município de Antônio Cardoso e Bonfim, de Feira de Santana.
Viva Desinho! Viva o Mestre Satú! – O ônibus de André Painho sai da Feira 11 e pouco e pouco depois de meio dia estaciona na pracinha de Tócos. Vai até o Poço e 40 minutos depois volta pra Feira de novo por Tócos. É o último do dia. Igreja, um cruzeiro, escola, uma unidade de saúde, um coreto moderno no centro do largo e equipamentos de ginástica. Povoado silencioso e todo arrumadinho, sob o sol quente de janeiro. Do outro lado da rua, uma égua mangalarga, ruça, selada, amarrada numa arvore fruta-pão de tronco ainda fino e sem copa.
No bar de duas portas com uma mesa escorada na parede, esse senhor da foto: Desinho, Edgar Oliveira, 86 anos, 17 filhos (10 homens, sete mulheres), cresceu batendo tabaco (tambor) nos sambas de Zabé, garçom no Terreiro de Jesus, em Salvador, caçador, vaqueiro, gente de Tócos. O dono da égua e de uma conversa fácil e agradável. Com ele soube do internamento do Mestre Satú, motivo pelo qual eu estava em Tócos.
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