
Estou cansado de ouvir conversas sobre mobilidade urbana sem que a bicicleta esteja, de verdade, na pauta. É sempre um assunto incidental e onde a palavra mágica é ciclovia para ciclistas, geralmente para o lazer, o esporte, a saúde. Quase nunca se fala no uso cotidiano da bicicleta pelos trabalhadores, estudantes, donas-de-casa e não ciclistas de fim-de-semana ou usuários que cultuam a bicicleta para a saúde e o a beleza do corpo. Na penúltima entrevista coletiva no Paço, o prefeito Zé Ronaldo até falou em ciclovias, lembrou que ele próprio já foi ciclista aprendiz, mas a conversa pára por aí. Ninguém lembra de imagens como essa da foto que por si só já diz muito o que a bicicleta representa para as classes mais desfavorecidas materialmente, na Feira e no Brasil. Uma pesquisa foi feita no ano passado com 18 cidades brasileiras. Na cidade de Campos, em São Paulo, mais de 70% da amostragem da população usa bicicleta para ir ao trabalho. Bateu todas as capitais. Em Feira, terra do chute percentual e zero pesquisa, não deve alcançar isso mas uma grande parcela usa bicicleta e isso pode ser verificado nas ruas do centro e da periferia. Precisamos falar sobre a segurança na mobilidade dessa gente.