Em artigo sempre impecável, o jornalista e economista André Pomponet revela números da discrepância entre a zona urbana, a sede, a chamada Cidade, e a zona rural da Feira de Santana. No Censo 2010, representava 8,3% da população, o que correspondia a cerca de 46,2 mil pessoas. A atual presidente do MOC, a líder sindicalista rural Conceição Borges, há muito expressa essa percepção de desprezo social e cultural a que a zona rural é submetida ou vista e que se reflete no tratamento profundamente desigual e paternalista (demagógico) por parte do Poder Público. Os choques e interações culturais entre o rural e o urbano me parecem pouco discutidas nesses tempos em que pautas mais efervescentes, como a identitária, por exemplo, ocupam o debate público e, suponho, acadêmico. Um município com oito distritos, centenas de povoados e localidades rurais tem obrigação de repensar e refazer prioridades contando com esse capital territorial (e ambiental) que poucos municípios brasileiros têm. Quando chega uma época como o São João é fácil ver como a zona rural tem ligação com o morador da cidade. Festas públicas, ou privadas, nos distritos, nas praças, em chácaras, sítios, casas de amigos e parentes, uma multidão deixa a cidade. A maioria da população feirense tem um pé na zona rural. Mesmo assim, há uma “vergonha” do tabaréu, das feiras, da espontaneidade rural que há na Cidade. Até a Prefeitura que promove festas juninas, somente nos distritos, chama esse evento de Feira CIDADE Forró…
Na foto, torre da igreja católica no povoado da Candeia Grossa, distrito da Matinha
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